terça-feira, 12 de março de 2013
Uma pequena atitude que causa um grande impacto
Na semana passada tivemos o primeiro evento com todos os funcionários da empresa depois da compra por uma multinacional. Fazendo um retrospecto, acho que o último evento desses que a empresa fez foi no final de 2009. Depois disso, não me lembro mais se teve outro ou como foi (além das festas de final de ano).
Enfim, evento de empresa tem sempre coisas boas e ruins e daria para escrever um caminhão de reflexões sobre o assunto: como o discurso do novo presidente foi bonito e encorajador, como as coisas do passado podem ou não nos ajudar a seguir adiante crescendo nessa nova realidade considerando ainda que o mercado e a própria empresa mudou, como a dinâmica da qual participamos trouxe-nos oportunidades de reflexão e melhorias em diversos níveis, e tantos outros aspectos corporativos que teriam grande relevância em uma série de contextos, inclusive na vida cristã.
Quero então me ater a um fato isolado que inacreditavelmente (no meu ponto de vista) gerou muito mais consequências do que o esperado e como um ato simples pode causar uma revolução.
Vou contar como foi a situação: o evento começou com o almoço e depois da refeição fomos todos direcionados para um salão ao lado em que de fato teríamos as atividades que importavam para a empresa, como o discurso do novo presidente (chegado há uns quatro meses talvez, não tenho muita certeza), a divulgação de nossas metas e rumos para o ano fiscal que se inicia, as novas oportunidades que teremos internamente e os nossos desafios como corporação, incluindo uma dinâmica na segunda parte do evento.
Enfim, as atividades dentro do salão começaram com um discurso do presidente que durou cerca de trinta a quarenta minutos consecutivos. Ele pegou o microfone e começou a falar sobre os seus assuntos (que por sinal eram assuntos de interesse geral já que estavam todos na expectativa do que viria) e lá pelas tantas uma funcionária da empresa que não tinha nada a ver com a organização do evento e estava sentada à primeira mesa mais próxima do palestrante ficou visivelmente incomodada, levantou-se de seu lugar, foi ao canto da sala, pegou uma garrafa de água e um copo e serviu o presidente que de modo bem simpático acenou positivamente para ela e prosseguiu.
Depois que isso aconteceu, as pessoas responsáveis pelo evento, constrangidas, levantaram-se e mais do que rapidamente conseguiram uma mesinha no canto e uma bandeja com copo e água para o homem que àquela altura já tinha decidido tomar a água que lhe fora servido antes. Um gesto tão simples, aparentemente tão banal, mas que marcou o evento e a memória de todos ao redor.
Hoje tivemos uma reunião só com a nossa equipe e foram levantados os pontos considerados positivos do evento e aqueles que entendemos que podem ser melhorados. A ideia era apresentar essas informações para os responsáveis para que nas próximas edições (e até antes disso) algumas atitudes sejam tomadas e as coisas em geral possam melhorar na empresa. E um dos pontos discutidos ali foi a questão da água (já que a funcionária pertence à nossa equipe).
Algumas coisas ficaram muito claras ali. A primeira delas foi que o presidente, embora tenha ensaiado muito bem o seu discurso, em uma atitude espontânea acabou por privilegiar a ação dessa moça proativa e bebeu de sua água. Isso porque, mais do que um gesto de agradecimento, sua atitude de beber aquela água foi um incentivo geral à gentileza e proatividade em nosso meio, colocando que todo mundo pode fazer algo para que o ambiente seja melhor. E ele deixou claro que ele apóia esse tipo de atitude.
Outra coisa foi que a funcionária que serviu a água não imaginava o quanto a sua ação teria repercussão positiva, não tanto para ela mas para todos os envolvidos (no caso, todos os funcionários). Isso porque, por conta da atitude simples e gentil dela de empatia, as pessoas tiveram a oportunidade de ver algo genuíno, que foi além do discurso ensaiado pelo presidente. Sem querer, aquela atitude acabou provendo ao presidente uma chance de contagiar outros pelo exemplo dela e pelo caráter dele.
E aí, a maior lição de todas é que quando se faz algo com pureza (porque eu conheço essa funcionária há uns cinco anos e sei o que a motivou a pegar aquele copo d'água), por mais simples que seja, o impacto é certo, rápido e muitas vezes positivo. É como uma pedrinha lançada em um lago que antes de ser lançada parece inofensiva mas, com o contato com a superfície do lago, causa uma série de ondas crescentes e irradia alcançando muito mais área do que se previa inicialmente.
Encantou-me ver o quanto vale a pena ser sincero e bem intencionado, mesmo nesse contexto "mundo cão" em que as grandes corporações estão inseridas. Ou talvez nesse contexto mesmo é que devemos insistir ainda mais para termos atitudes boas e gentis sem esperar recompensa. Porque, esperando ou não, ela vem.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário