terça-feira, 30 de abril de 2013
Vivendo acima da mediocridade...
Depois de assistir a uma pregação sobre a vida de Dorcas, tentei iniciar este texto de diversas formas, mas simplesmente não conseguia prosseguir. Em parte porque a pregação do pastor que a fez foi tão completa, tão simples mas tão eficaz que fiquei com medo de apenas apresentar um resumo mal escrito daquilo que ele já tinha sintetizado tão bem. Em parte porque o ponto não é perder tempo filosofando mas registrar de fato aquilo que mais me marcou (o que vai ser difícil porque no fundo as pregações desse pastor na maioria das vezes tem linguagem muito simples mas trazem questionamentos muito profundos e é difícil escolher uma coisa só a mencionar).
De imediato, eu nem sabia que tinha algo a se contar sobre Dorcas (Atos 9:36-42). E de fato, no fundo, hoje vi que ao mesmo tempo que não tem mesmo grandes atos a serem mencionados, a vida dela é um grande ensinamento para todos nós. E a lição começa com o fato de que quando essa mulher que ajudava a comunidade morreu, as pessoas chamaram o apóstolo e pediram para ele clamar pela ressurreição dela. E veio então o primeiro tranco: será que existiria alguém que chamaria um apóstolo para orar pela minha ressurreição? Será que alguém de alguma forma acharia que a minha vida é útil o suficiente a outros para que, quando eu morrer, alguém queira que Deus me mande de volta, nem que seja só mais um pouquinho, para poder continuar sendo expressão de Cristo a outros?
E aí, o texto comenta que ela era discípula de Cristo. E isso foi feito em uma época em que mulheres simplesmente não eram consideradas; inclusive nem eram ao menos contadas, quem dirá seriam avaliadas e mencionadas por seus atos. E eu pensei: "será que alguém que reconheceria como discípula de Jesus? Algo genuíno mesmo, nada como um título ou um cargo, mas uma identidade mesmo, pelos atos Dele serem vistos através de mim, ou pelos meus atos simplesmente fazerem com que as pessoas vejam a Deus." E me lembrei que uma vez um amigo ateu mostrou-me um vídeo ateu comentando sobre a hipocrisia que é nos entitularmos cristãos.
Sabe, eu tenho que concordar que muitas vezes (na grande maioria dos casos inclusive) ser chamada de cristã é no mínimo hipocrisia, para não dizer que soa até vergonhoso para Ele porque, com certeza, algumas das atitudes e posturas que eu adoto Ele nunca adotaria. E não falo sobre moral ou ética, mas falo essencialmente sobre amor.
Como disse o pregador (e eu não tenho outra escolha a não ser me identificar com ele), somos egoístas. Aliás, eu sou egoísta. E posso dizer isso sem medo e sem querer "ganhar confete" porque só eu sei quantas vezes eu deixei de olhar a necessidade do outro para fazer algo que eu queria. Ou deixei de atender a uma necessidade alheia porque isso me custaria mais do que eu tinha disposição. E, cá para nós, assim como o pregador se classificou, eu também sou excelente em arranjar lindar desculpas e justificativas racionais e plausíveis para fazer aquilo que eu quero e não o que o outro precisa. Até contar a quantidade de vezes que eu ajudei a ele, esquecendo-me da quantidade de vezes em que eu fui perdoada pelo próprio Deus. E pior: eu mesma sou expert em julgar os outros e me considerar melhor do que outras pessoas, como se isso fosse possível, considerando que, comparados com Cristo somos todos simplesmente pecadores.
Então, como é possível viver acima da mediocridade? Afinal, não sou melhor do que ninguém. Ninguém é melhor do que ninguém, mais bem dotado ou mais especial, mais santo ou mais puro do que outro sendo comparados com o padrão que é Cristo. Mesmo o apóstolo Paulo, que foi preso, perseguido, surrado, humilhado e louvou o tempo todo fala que não é melhor do que os outros e tem dúvidas sobre sua participação ou não do galardão final com Jesus.
E aí, o pregador lembra-nos de que precisamos clamar a todo tempo pela misericórdia de Deus. E quando ele falou isso, eu pensei: "puts, mas eu já fiz isso tantas vezes... quantas vezes eu sabia que estava errado e não consegui me conter, acabei errando e depois lá fui eu de novo pedir perdão a Deus por não ter conseguido? E quantas vezes eu deveria viver isso novamente?". Fico com vergonha de pensar que Ele me recebe de novo, mesmo sendo, sei lá, a milésima vez...
Foi então que eu entendi: Deus nunca contou quantas vezes eu fui pedir perdão a ele pelas mesmas coisas... Ele fica contando os segundos para me ver de volta, pedindo pela graça Dele, pela presença Dele em minha vida. Ele não fica triste pelas vezes em que eu me ajoelho e peço perdão. Ele fica triste pelas vezes em que eu demoro a fazê-lo. Porque, para viver acima da mediocridade, é necessário viver abaixo da miséria que é o orgulho humano. Viver acima da mediocridade é para aqueles que vivem de joelhos, assumindo que dependem do Pai. E ser perfeito não é simplesmente não errar: é pedir a Deus que nos aperfeiçoe, nos mude, nos transforme, e não retire de nós a Sua graça porque só com ela, que é abundante, maravilhosa e excepcional, é que podemos viver algo além daquilo que nós somos sem Deus: uma cópia barata e vazia de significado, nada além de vaidade, pura vaidade.
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