Saí em viagem de férias do meu país há uns quatro dias atrás. Na realidade, vim para a Europa conhecer alguns lugares que sempre quis ver de perto e outros que passei a ter interesse por conter uma igreja irmã à que pertenço. Vim com a minha filha e estamos passeando muito, conhecendo lindas coisas e até pessoas de nosso país por aqui.
Como estamos muito distantes de casa, não é possível telefonar, por exemplo, para ninguém. Afinal de contas, o custo da ligação seria altíssimo e hoje em dia quase todo hotel conta com internet gratuita, o que para nós é excelente, já que trouxemos conosco um notebook exatamente para nos prover comunicação com as pessoas com quem nos relacionamos.
Então, para fazer com que as pessoas soubessem de nós, usei a rede social Facebook para esse fim: criei um grupo fechado com todas as pessoas com as quais gostaria de compartilhar estes momentos e a cada experiência que vamos vivendo eu vou escrevendo ali breves relatos e postando fotos para que todos os nossos escolhidos possam conosco apreciar as vistas que temos visto.
Fizemos desta forma porque, sinceramente, eu não queria todo mundo olhando o que estamos fazendo ou por onde estamos passando. A ideia aqui era que pudéssemos manter alguma privacidade, já que estamos de férias e muitos dos meus contatos são apenas pessoas conhecidas e que eu julguei (hum... que tristeza!) que poderiam ter a impressão errada (ai, ai, ai...) de nós ao ver as nossas fotos. Além do mais, nunca se sabe quem está acompanhando a coisa toda e eu fico sinceramente preocupada com pessoas que confundam as coisas ou queiram ainda tirar algum proveito financeiro de uma situação imaginada por eles e irreal para nós. Até aí, achei que seria razoável a minha atitude, já que não quero compartilhar todos os meus dias com "qualquer um"...
Pois é, e hoje, eu acordo e dou continuidade à leitura do livro "Faça a vida valer a pena" do Max Lucado e nesse capítulo ele comenta sobre a passagem em Atos em que Pedro é impelido pelo Espírito Santo para visitar Cornélio e os seus e que então Pedro, judeu circunciso e cumpridor da palavra de Deus e dos mandamentos que Moisés deixou, viveu um conflito, por ser enviado a pessoas que eram gentias. Mas, ele, incomodado pelo Espírito do Senhor, vai e a visita é uma benção e abre precedentes para que outros sejam salvos.
Até aí, tudo bem. A passagem é conhecida mas o que faz a diferença mesmo é a maneira como o autor coloca a história e vai contando, meio que transpondo para os dias de hoje. E aí ele faz a seguinte pergunta: quem será que estaria no facebook de Jesus? E ele mencionou algumas pessoas mas eu tomo a liberdade de fazer uma lista:
- A mulher samaritana, com quem Jesus ficou um tempo conversando e que trouxe a ela uma nova visão de vida por causa da Água Viva que Ele é (eu imagino que ela curtiria todas as fotos);
- Os discípulos, que imagino que como a minha filha, ficavam meio "sem graça" com algumas coisas que Jesus postava (criança é sempre assim: acha que o pai exagera ou não sabe mais o que faz... talvez os discípulos assim o fizessem com Ele);
- O leproso curado, que certamente comentaria sobre Ele e marcaria nas novas fotos que tiraria de si depois do milagre;
- Os perseguidores disfarçados, para acompanhar seus check-in nos lugares pelos quais passava;
- Zaqueu, aquele que era rico mas não tão popular por ter enganado tantos e cujo perfil cresceria em popularidade depois que ele devolveu o dinheiro de quem roubou e até ganharia novos amigos por isso;
- O moço da mão ressequida que agora com duas mãos saudáveis poderia teclar livremente em seu computador e contar o seu testemunho a muitos;
- O gadareno que quis seguir a Jesus e que foi enviado por Ele para contar seu testemunho, esse certamente seguiria a Ele pelo facebook (e pelo twitter e outras redes sociais em que Ele estivesse).
Bom, acrescentaria uma lista inteira de pessoas mas, notem: a maioria eram pessoas rejeitadas pela maioria; pessoas que foram deixadas de lado pela sociedade, rotuladas, esquecidas, largadas, e que mesmo assim (ou até por isso mesmo) Jesus dedicou seu tempo, quebrando barreiras e estabelecendo uma vida com limites muito mais elásticos nas relações humanas.
É, o facebook de Jesus seria mesmo bem diferente de muitos perfis que eu conheço. Não sei se seria tão cheio assim porque Suas verdades muitas vezes incomodavam mas, creio que seria repleto de pessoas que tiveram as suas vidas transformadas no dia em que Ele virou Sua face para elas e mostrou que ninguém é caso perdido e ninguém é passível de ser chamado de filho de Deus quando se dispuser a buscá-Lo, aceitá-Lo e segui-Lo verdadeiramente.
Aí, ficou para mim a pergunta: quem está no meu facebook? Só as pessoas que se parecem comigo? Ou aquelas que, de alguma forma, quiseram se aproximar por um interesse genuíno em me conhecer e eu não deixei? Claro que a pergunta aqui é figurada mas, quem é que faz parte do meu dia-a-dia? Quem é que faz parte dos meus dias, com quem eu gasto/ invisto o meu tempo, divido a minha atenção, permito que ande comigo? Acho que vale muito a reflexão...
Nenhum comentário:
Postar um comentário