quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Tudo é muito mais do que se pode ver em um piscar de olhos

Defina "tudo". Conceitue "tudo". Pense no que é "tudo". Considere o que está contido em "tudo". Então... agora viva o que está inserido em "tudo". Eu descobri que estou bem longe de viver esse mandamento.

Ontem eu vi em uma rede social um texto que a minha irmã postou agradecendo pelos oito anos de artrite reumatóide de sua filha (ou seja, minha sobrinha). O texto era lindo e nele ela agradecia por todas as coisas de bom que vieram nesses últimos oito anos (dos pouco mais de dez que a minha sobrinha viveu até aqui).

Quando eu vi o texto, confesso que fiquei muito indignada e um tanto confusa. O primeiro pensamento foi que era uma absurdo agradecer ao universo ou a qualquer outra coisa pela doença da filha e achei sinceramente o cúmulo esse exercício de aceitação que vejo ela se propondo diariamente e que vem a consumindo. Eu fiquei sinceramente incomodada. E ia colocar um comentário ali bastante expressivo em relação ao que de fato eu senti com tudo aquilo.

Mas, comecei a ler outros comentários bonitos sobre o que ela tinha escrito e tem vivido. Eu li de novo, e reli outra vez o texto... a minha indignação com a doença não diminuiu, mas deixei a minha visão curta de lado quando Deus me lembrou que eu deveria me colocar no lugar dela. E de repente, comecei a ver que, se eu estivesse no lugar dela, precisaria exercitar muito a aceitação de uma forma muito leve e positiva para lidar com tudo isso com a graça com que ela lida.

Li de novo os comentários e decidi então mostrar por hora a única coisa que de fato era verdade naquele instante: expressei a minha admiração e o meu respeito porque, apesar de todas as dificuldades (que definitivamente são mesmo muitas), ela nunca desistiu de buscar um caminho melhor e menos agressivo para a minha sobrinha e para si mesma. E mesmo não tendo encontrado a cura física e nem mesmo cura emocional para uma série de coisas ainda, elas não se renderam, e lutam com uma graça e com uma garra sem igual.

Hoje de manhã, o Senhor me lembrou dessa frase que é quase um chavão no meio cristão: "em tudo dai graças" e eu me lembrei da minha irmã. E fiquei pensando que ela está exercitando isso, muito mais do que eu e de um jeito muito mais significativo para as pessoas que estão ao redor dela. Inclusive, fiquei me questionando se, estando na posição dela, eu teria a mesma atitude. E cheguei à conclusão de que provavelmente, se dependesse de mim (como depende dela, afinal, ela não conhece a Cristo), eu não teria a força, a garra, a determinação e a disposição que ela tem para enfrentar tanta coisa.

No fim, o meu choque que era direcionado à atitude dela, passou a ser direcionado à minha frieza e falta de gratidão. Lembrei-me ainda de Jó que, ao ser questionado pela esposa do porque não amaldiçoava Deus e morria logo, respondeu que era uma incoerência aceitar o que parece bom vindo de Deus e não aceitar o que parece mau. E ele se recusou a reclamar dali em diante. E mudou seu foco passando a orar por seus amigos. E com isso foi restituído e foi levado por Deus para o melhor lugar. E conheceu a Deus de modo profundo. E venceu. E, de verdade, essa é a chave.

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