O que faço hoje para conquistar o meu sustento é algo que faço há algum tempo já e é meio complicado explicar, especialmente para quem nunca teve uma interação profissional comigo. E normalmente, eu não falo disso porque além de não ser exatamente o meu assunto preferido, eu tenho mesmo dificuldade de explicar de modo suscinto e acabo preferindo falar de outras coisas. Mas hoje faz-se necessário comentar mais sobre o assunto.
Então, eu trabalho em uma empresa de desenvolvimento de software e nós desenvolvemos um sistema para automatização de tomada de decisão de crédito e risco. Ok, já sei que só com esse começo ficou complicado de entender.
Vou tentar deixar isso mais claro: as empresas em geral tem a necessidade de vender cada vez mais rápido e com mais segurança, de modo a vender melhor em menos tempo. Tudo isso é necessário para que se venda mais sem perder (ou perdendo o menos possível), escolhendo melhor e mais rápido os seus compradores. E isso só é possível no contexto atual no Brasil quando a empresa usa diversos artifícios para pesquisar sobre aquela pessoa que está pedindo um crédito.
Enfim, o ponto é que a empresa que trabalho faz um sistema que ajuda nisso e parte do meu trabalho é fazer com que o cliente entenda o potencial da ferramenta e coloque tudo aquilo que ele pretende fazer através do sistema em primeiro lugar no papel. E acho que é o ponto mais complicado do processo porque é o momento em que eu questiono todas as certezas do cliente e mostro a ele que, na verdade, ele acha que sabe muito sobre o seu processo mas que, no fundo, o processo é muito mais do que ele conseguiu lembrar inicialmente, e que esse processo atual pode e deve ser reconstruído e melhorado para que uma nova etapa venha na realidade da empresa, trazendo rapidez e segurança nas aprovações (ou reprovações) dos créditos.
Bom, e daí? Por que estamos falando disso mesmo? Pois é... hoje, fui almoçar em um lugar tranquilo à uma mesa ao lado de uma janela simpática e comecei a pensar olhando para ela (na verdade, através dela). E me vieram duas coisas: uma que compartilharei em outro texto e uma que eu sempre digo aos clientes naquele momento em que estamos questionando e redesenhando tudo. O que eu explico é que a primeira coisa a se fazer quando vai se decidir um crédito sobre uma determinada venda é saber se a pessoa que está solicitando esse crédito já é cliente ou não. O conceito é simples: se a pessoa já é cliente e é uma boa pagadora, não há necessidade de perder muito tempo porque muitas das informações que seriam pesquisadas já estão em casa; se ele for cliente e for mau pagador, é mais fácil ainda, afinal, se ele já está em dívida com a empresa, que diferença faz se ele paga ou não outros fornecedores? O exemplo que uso é: quando você está em casa e ouve um barulho durante a noite, você vai olhar primeiro o lado de dentro ou o lado de fora da casa?
Não sei bem porque eu lembrei disso mas sei que, de repente, algo fez todo sentido para mim e eu arriscaria dizer que ouvi Deus me fazendo a mesma pergunta, mas neste caso direcionada à minha vida e às pessoas ao meu redor. Traduzindo: por que fico preocupada com a ação do pecado ou de conceitos errados na vida dos outros primeiro? Eu não deveria me preocupar em saber se o "ladrão" está dentro da "minha casa" primeiro, antes de olhar o jardim ou o vizinho? Lembrei-me do trecho em que Jesus fala que "o ladrão vem para roubar, matar e destruir mas Eu venho para que tenham vida, e vida em abundância" (João 10:10). E entendi que, antes de ficar preocupada com o que o outro está fazendo ou vivendo, mesmo que em uma atitude de amor, preciso avaliar a "minha casa" para garantir que não estou cometendo o mesmo pecado que o irmão (ou um até pior).
Eu nunca tinha tido revelação do que eu mesma falo aplicado a um contexto espiritual. É curioso como certas coisas, por mais que saibamos, só tenham efeito depois de tempos, às vezes anos e anos de conhecimento. Agora, cabe manter isso na minha mente e no meu coração para que eu não perca de vista e sempre vigie para que o inimigo faça a festa na "minha casa" enquanto eu me distraio com o vizinho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário