Estou passando por uma situação específica na minha vida que foi preparada por Deus. Sei que este momento foi preparado por Ele porque, de outra forma, eu não estaria passando pelo que venho passado e não estaria mesmo sendo tão tocada por Ele quanto tenho sido. E como qualquer situação de ajuste para algo maior a seguir de vez em quando eu fico um tanto cansada e peço a Deus para chegar logo ao fim.
Da mesma forma, creio que outras pessoas passam por isso. E uma amiga minha, que também passa por uma situação muito mais complicada do que a minha em sua vida, outro dia compartilhava o quanto está esgotada com tudo o que tem acontecido ao seu redor e que está em um ponto em que não sabe mais o que fazer.
Como ela é mulher com o coração voltado para Deus, fiquei bem tranquila ao ouvi-la dizer isso, simplesmente porque um dia antes eu ouvi que era bom eu estar cansada e sem forças, afinal, agora eu daria espaço para Deus fazer o que Ele quer: enquanto eu luto e me debato não dou chance de Deus completar a obra Dele (ou pelo menos fico só atrapalhando).
Conversamos bastante e ela se comparou a Jó, cuja vida foi tocada pelo diabo por permissão de Deus. E naquela hora eu parei, ouvi e compartilhei que entendo que Deus permitiu tudo aquilo por vários motivos, não só provar um ponto ao inimigo, afinal de contas, nem um ser humano que ama seu filho o entregaria ao inimigo para provar um ponto apenas. Então, disse que entendo que, além de Deus permitir aquilo para que Jó de fato pudesse conhecê-Lo de perto mesmo e depender Dele de verdade, eu vi que, de repente, o objetivo de Deus era até maior do que apenas fazê-lo chegar ao fim da provação.
Quando conclui isso, veio à minha mente uma situação que tínhamos vivido tempos antes onde fomos em grupo no meu carro a um lugar que não conhecíamos até ali, tendo apenas o endereço nas mãos para chegar e um horário marcado por conta de um compromisso assumido anteriormente. E percebi que aquela situação seria uma boa ilustração do que entendo que Deus colocou ao meu coração.
No dia em que nos propusemos a ir a este lugar, nenhum de nós sabia como chegar. Planejamos um horário específico para sairmos com uma antecedência que esperávamos ser suficiente mas não tínhamos certeza se teríamos problemas no caminho, se nos perderíamos ou coisa parecida. É verdade que pegamos o endereço, eu chequei o carro, abasteci, consertei o estepe e o nosso amigo separou um mapa e pegou seu GPS para evitar sustos e claro, toda essa preparação foi mesmo de grande valia, tanto que chegamos no horário esperado sem maiores complicações.
Mas, comecei a exercitar com ela o seguinte: como ela se sentiria caso tivéssemos tido algum problema no caminho e começássemos a rodar desnecessariamente ou tivéssemos nos perdido? Todos ficariam ansiosos e uma tensão se formaria no ar. Mas, isso não poderia ser desculpa ou impedimento para que deixássemos nosso compromisso de lado e portanto o foco seria manter a calma, procurar opções e seguir adiante.
O ponto é que se nós tivéssemos nos perdido, ela teria três opções:
1) Ela poderia tentar tomar o volante das minhas mãos, o que não aconteceria porque eu não entregaria o meu carro a alguém que, além de saber tanto do caminho quanto eu, não tem habilitação para dirigir. Se ela tentasse, seria gerada uma tensão desnecessária e uma frustração inútil para ela porque, para o bem de todos, eu a impediria;
2) Ela poderia ficar ansiosa, tensa, nervosa e começar a reclamar, chorar ou se entregar ao problema. É como uma criança pequena que entra no carro dos pais e sabe que vai para um lugar novo mas não sabe bem quanto tempo vai demorar só que, por ter a promessa de um lindo dia de brincadeiras quando chegarem, fica a cada trinta segundos perguntando se já chegaram ou se vai demorar, até que se irrita profundamente e começa a irritar outros;
3) Ela poderia simplesmente aceitar a situação, perguntar como poderia ajudar (e no caso nada do que ela fizesse ajudaria por mais que ela quisesse) e aproveitar a viagem, distraindo-se com as paisagens novas, rindo dos problemas e fazendo daquele tempo inevitável um tempo muito melhor e passando a sensação para todos que a viagem foi mais curta do que de fato foi.
Então, entendi o seguinte: tanto na minha vida quanto na dela, de repente, estamos aqui chorando, orando, clamando, gritando, nos desesperando mas, no fim das contas, mais importante do que chegar é aprender a aproveitar a jornada. Na história de Jó o que é contado é o período de tribulação; o que veio antes foi resumido, assim como o que veio depois, deixando claro que o mais importante foi a experiência que Ele teve com Deus durante a provação.
E de repente, entendi que eu mesma oro muitas vezes para Deus abreviar a situação, diminuir o tempo ou ainda me fazer passar adiante de algo incômodo mas que sei que é necessário. E eu entendi que, muitas vezes, eu mesma acabo prolongando a sensação de desconforto (ou adiando mesmo a solução de algo) simplesmente porque, ao invés de aproveitar a jornada e fazer da viagem um tempo mais agradável para os que estão ao meu lado, eu fico reclamando ou tento pegar o controle da situação inutilmente (glória a Deus por isso porque Ele não permite que peguemos mais o controle do carro quando entendemos que o carro é Dele).
Entendi que, no fundo, o que Deus quer com tudo isso é tratar a minha ansiedade e gerar fé no meu coração, de modo que eu possa viver tranquila o tempo entre o dia em que Ele prometeu e o dia em que a promessa se cumpre. Claro que é muito melhor quando, durante a jornada, conversamos com Ele com frequência porque isso vai nos acalmando e mostrando que tudo está sob controle. Mas é essencial que usemos essa tranquilidade que a fé Nele nos gera para dividir com os que nos rodeiam porque é por isso que estamos ao lado deles: para sermos instrumentos daquilo que Deus quer que eles recebam, dando o privilégio de sermos participantes da obra Dele, dando cor à nossa própria vida.
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