sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Uma janela suja estraga até o mais belo visual do lado de fora

Ontem escolhi almoçar em um restaurante simpático, muito arrumadinho e cheio de janelas. Para quem não sabe, eu amo janelas! Não sei se porque meu pai sempre teve esse fascínio por ter amplas paisagens, ou se simplesmente porque acho realmente entediante ficar olhando sempre para paredes, me dando até uma certa sensação de confinamento que me desagrada... sei que amo janelas, sempre gostei.

Quando eu era adolescente inclusive eu ficava horas na janela ao telefone conversando com meus amigos e amigas. Engraçado que o gosto por falar ao telefone com o tempo se foi (acabou sendo substituído por teclar), a não ser em casos bem específicos, mas realmente é algo reservado a pessoas muito especiais. Mas o gosto por janelas continua firme e forte e sempre que posso fico do ladinho de uma para, mesmo estando em uma edificação urbana, poder usufruir do visual do lado de fora (que normalmente é mais iluminado e mais farto de informações).

Enfim, sentei-me ao lado dessa janela que é bem grande e do outro lado dela fica uma espécie de jardim de inverno que foi criado ali para que as pessoas, depois de se alimentar, possam descansar um pouco, conversar, ler ou simplesmente ter um momento de não fazer nada em seus dias. E lá, tem alguns canteirinhos bem bonitinhos, e muitas plantas e algumas flores, fazendo a vista realmente agradável.

Só que aquela janela tinha sido castigada no dia anterior pelo mau tempo e ainda estava bastante suja, não por descuido das pessoas que cuidam do local mas porque realmente ainda não tinha havido tempo hábil de limpá-las adequadamente. E eu, que já tinha visto o jardim através da janela limpa, comecei a reparar como a paisagem perdeu boa parte do seu encanto porque a janela estava com seus vidros cheios de marquinhas de água escorrida e outras partículas que caem na chuva de uma grande cidade.

E foi interessante porque me dei conta do quanto os vidros sujos distorcem a paisagem do lado de fora. E aí, quase que instantaneamente, me veio à mente aquele velho ditado que diz que os olhos são a janela da alma. E eu comecei a viajar nos meus pensamentos...

Ora, se os olhos são a janela da alma, se eles estiverem "sujos", as pessoas verão algo diferente do que realmente somos. Ou seja, se os meus olhos estiverem cheios de mágoa ou decepção, as pessoas olharão para eles e verão apenas arrogância, ao invés de ver uma pessoa ferida que busca não ser mais machucada. Se os meus olhos estiverem cheios de lascívia, as pessoas verão a mim como alguém que oferece perigo, de modo que nem sempre serei confiável, muito embora, talvez os meus olhos estejam "sujos" porque é assim que a minha alma está aparentando uma carência sem sentido, fruto de alguém que não conhece o pleno amor de Deus.

Por outro lado, se eu olhar para as pessoas com os mesmos olhos magoados, eu verei pessoas dispostas sempre a me machucar, ou simplesmente desinteressadas em mim, quando o correto seria enxergar a pessoa que está me vendo, e não as ações dela, colocando-me no seu lugar e com isso amando-a, assim como Jesus ordenou. Se eu a olhar com olhos de lascívia, verei uma chance de suprir as minhas carências, ao invés de entender que no fundo estaria só jogando sobre outra pessoa tão perdida ou mais do que eu naquela situação uma expectativa irreal e plantando frustrações na certa.

Hoje, posso dizer que faço o maior esforço para manter os meus olhos limpos. No fundo, já fazia isso antes de entender as coisas dessa forma como vi ontem, mas agora, esse entendimento é mais um colírio em relação àquilo que realmente precisa ser feito.

Deus quer curar nossos olhos espirituais e emocionais. Cabe a nós permitir ou não. Ele quer curar a nossa visão, mostrando-nos como Ele vê o outro que está ali, e assim fazendo-nos plantar amor. Isso pode acontecer através de uma cirurgia (ou seja, um evento específico em que de uma hora para outra a visão seja restaurada) ou através de um tratamento de médio ou longo prazo (fazendo-nos viver um processo diário de renovação da mente para, com isso, ter a visão lavada pela palavra de Deus dando-nos uma nova visão das coisas). Ele é o Médico dos médicos e cabe a Ele decidir. Mas nós somos os pacientes e cabe a nós aceitar o tratamento... ou recusá-lo e continuar sofrendo.

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