sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Eu decido prosseguir

Não, eu não vou correr pro que parece mais fácil em um momento de dor. E não, eu não vou me deixar contaminar pelo momento. Não vou me envolver no clima de pressa e ansiedade que a falta de um abraço gera, ou ainda pelo prazer momentâneo que os lábios de alguém podem me oferecer.

Tem dias em que é fácil pensar assim. Em outros, nem tantos. Em alguns poucos, é quase impossível. Mas maior do que qualquer sentimento que queira me fazer perder o foco é a a certeza de que esperar vai valer a pena. Portanto, não importa o que aconteça (e eu sei o quanto é difícil a promessa que estou fazendo), vou aguardar aquilo que Deus tem para mim.

Hoje no almoço estávamos entre meninas comentando sobre alguém do escritório e conversa vai, conversa vem, surge aquela pergunta: "bom, já que ele parece um cara tão legal, por que não tentar arriscar?". E enquanto a mente insiste em não se pronunciar, o coração começa a gemer e fazer contas, lembrando há quanto tempo estou retirada arrumando a minha própria casinha, sem receber visitas. Aí, quando lembro da questão das visitas, eu me lembro que não quero mais convidados: quero num novo proprietário para a casa, alguém que não tenha um contrato por tempo definido (ou indefinido mas que possa ir embora a qualquer tempo com ou sem aviso prévio) e começo a lembrar porque foi que decidi estar onde e como estou no momento.

Voltando do almoço, vejo uma foto que não sei se queria ter visto, e vejo um rosto que por si só não quer dizer grande coisa. Mas, parando para lembrar, o rosto acompanha uma série de sensações maravilhosas, como o abraço, o carinho, a mão, o calor, o toque, a voz, o sorriso, o olhar e tantas outras coisas que facilmente poderiam me fazer perder o rumo, especialmente no dia de hoje. Então, outra vez a mente resolve se manifestar e me lembra porque é que todo esse conjunto incrível de fatores não se encaixa com aquilo que quero e espero viver. E as lembranças do lado ruim de estar com ele começa a me fazer acalmar.

Não sei por quanto tempo vou ter que encarar essa batalha, enfrentando sentimentos, sensações e carências que me fazem ficar com o coração gritando ou com os ombros tão tensos como se eu carregasse o mundo em minhas costas. Mas sei que abrir mão disso agora não faz sentido e me faria no fim das contas perder todo o esforço que fiz e entregar tudo de bom que virá.

A vontade de chorar persiste. O nó na garganta não quer desatar. Os ombros doem e as costas sentem... a cabeça também. A tensão continua a subir, mas eu sei que está no fim. Assim como uma batata na panela de pressão, existe tempo para tudo, inclusive para suportar a pressão. Abrir mão agora é sofrer o dano de começar a cozinhar a batata e ter que jogá-la no lixo, começando o processo de novo (porque afinal de contas uma batata que não está cozida e não está crua não serve para quase nada).

Decido prosseguir. Até quando? Não sei, mas espero que seja por pouco tempo a espera. Vai ser fácil? Acredito que fique ainda um pouquinho mais difícil, mas saber que vai valer a pena me ajuda a curtir a caminhada. E justo eu que sempre gostei de andar... sim, vai ser mais fácil. Nessas horas, procuro olhar, como minha irmã sugeriu "aleatoriamente" por SMS hoje, para tudo o que tenho, sem ficar me preocupando com o que não tenho ainda e nem um pouco com o que perdi. A estrada é a mesma, mas olhar para frente certamente me fará tropeçar muito menos.

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