quinta-feira, 11 de junho de 2015

Sócio torcedor

Hoje eu fui numa revistaria que vende jornais e vários artigos que a gente acaba encontrando em comércios desse tipo e, diferente de outros dias em que passo por lá super corrida e cheia de atenção do que vou fazer a seguir, passei com um pouquinho mais de calma, atenta ao que de fato eles oferecem ali no local.

Olhando no caixa, vi os tradicionais maços de cigarros, e vi também muitos doces, como era de se esperar, e mais um tanto de coisas que não conseguiria listar no momento... mas o que me chamou atenção de fato foi algo que me intrigou: chips para celular personalizados de um time de futebol. E eu fiquei olhando aquilo, meio confusa, tentando entender qual era a diferença entre aquele chip e um outro que não é de um time de futebol ou de qualquer outra modalidade esportiva.

Pensei, pensei, e de repente voltei no tempo, quando em 2001 eu propus no meu trabalho de conclusão de curso voltado para marketing esportivo ações voltadas para o crescimento e consolidação do que na época era conhecido como "sócio torcedor", que na ocasião se limitava a um associado de um clube que também torcia para o time de futebol e que por isso pagaria uma taxa extra tendo em troca benefícios. A ideia no trabalho que fizemos em grupo era, além de divulgar melhor essa "associação" especial com o seu time de futebol do coração, investir no licenciamento de produtos com a marca do time com o objetivo de arrecadar fundos para que este pudesse formar novos craques e criar uma estrutura mais profissional, tratando o nome do time como uma marca, assim como acontecia fora do país.

Que coisa mais comum, não é mesmo? Pois é, na ocasião não era... e parecia tão absurdo que na verdade o nosso trabalho foi aceito pela banca em parte por conta da proposta que era diferente demais para ser rejeitada (ou completamente aceita) mas também porque eu, com uma bebê de quase um ano no colo gerada e parida durante o curso, sensibilizava os espectadores, que pensavam como seria cursar mais um semestre com aquela criança indo e vindo todas as noites para assistir aulas de graduação.

Enfim, deixando de lado o fato de que eu acabei de me dar conta do quanto era inovador aquilo que na época nem achei tão incrível assim, voltando para o chip, fiquei pensando quem raios compraria aquele chip que custa cerca de quarenta por cento a mais do que o chip comum só porque ele tem uma marca de time de futebol estampada na caixa... e pensei que só mesmo quem é muito apaixonado por seu time poderia fazer isso, sabendo que aquele recurso extra vai para garantir o desempenho do grupo, e claro, garantir a satisfação de assistir as disputas apaixonantes (e algumas até épicas) de seu time aos finais de semana na televisão (ou no estádio mesmo para quem tem mais pique e menos compromissos).

E foi quando eu entendi que ainda sou uma cristã rasa. Como cheguei a essa conclusão? Fácil: se um torcedor de um time de futebol usa camiseta do time, compra produtos licenciados sabidamente iguais aos comuns mas estupidamente mais caros, paga fortunas em ingressos de jogos e deslocamento até os estádios (isso sem contar quando não tem o deslocamento para outra cidade), dispende seu tempo para acompanhar críticas, desempenho de contratações, especulações sobre os técnicos e dirigentes, e até arranja brigas com quem fala mal do time do seu coração, seja com familiares próximos e pessoas desconhecidas, por vezes colocando em risco sua integridade física, por que não tenho o mesmo tipo de atitude apaixonada por Jesus?

Torcedores apaixonados de verdade não medem esforços para acompanharem o alvo de suas paixões. Então, alguém que seja verdadeiramente apaixonado nunca achará que fez o suficiente, deu o suficiente, sabe o suficiente, viveu o suficiente... o apaixonado sempre quer mais! Então, por que tantas vezes nos economizamos em relação a Cristo e Seu gentil convite de participarmos da obra Dele? A explicação que me ocorre é: falta paixão...

Conseguimos torcer por um bando de homens correndo atrás de uma bola, podendo ganhar ou perder uma partida, gritando e nos emocionando como se aquilo fosse mudar as nossas vidas, mas não conseguimos muitas vezes nos abalar o suficiente para falar de Jesus a alguém visivelmente carente. Não temos vergonha de falar de futebol, mas para evitarmos falar de fé muitas vezes arranjamos desculpas. Vemos valor e achamos normal pagar quase duzentos reais numa camiseta oficial do time, mas achamos caro comprar um filme evangelístico original, ou pagar a entrada de um congresso em que teremos mais da Palavra e da presença de Deus. Temos tempo de assistir noventa minutos de um jogo que não mudará em nada as nossas vidas, e em tempos de Copa do Mundo (e eu faço isso) gasto muito mais do que isso porque faço questão de acompanhar a maior quantidade de jogos da competição, mas para ler a Bíblia o tempo é escasso, o sono vem, e o horário para chegar naquelas atividades que eu digo que exerço por amor a Deus sempre tem como meu opositor o relógio, que me trai e eu acabo me atrasando. E não adianta falar que cinco minutos em grandes cidades não é atraso porque se fosse para ir a um jogo de futebol certamente a programação colaboraria para chegarmos meia hora antes do início da partida. Pois é, desculpas e mais desculpas...

Jesus é o Sócio Torcedor Majoritário no "nosso time futebol clube", e que Ele é torcedor incondicional da nossa marca, mesmo quando a nossa administração toma decisões arbitrárias e tenta usar do "tapetão" pra ganhar vantagem (afinal, Ele é o primeiro a criticar a administração e dizer que o time é tão querido e cheio de talentos que não precisa disso para ir adiante). E quando entendermos isso, certamente seremos torcedores e fãs apaixonados de Jesus, e de todas as formas nos proporemos a expressar esse amor e essa paixão por Ele, com todo o prazer.

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