Quantas vezes me descabelei porque sentia que precisava da aprovação de homens? Quantas vezes eu quis que um homem olhasse para mim e me achasse bonita ou me fizesse propostas irrecusáveis? Nem vou tentar contar porque sei que demoraria horas, perderia a conta diversas vezes e no fim, desistiria pelo desânimo de ver o número gigante sem ao menos chegar na metade do caminho.
Nos primeiros tempos em que eu ouvia uma música que começa com essa frase, eu sentia que existia um misto de impossibilidade com tédio, e que aquilo não fazia sentido algum, afinal, amor tem que ser quente, apaixonado, intenso, e isso definitivamente não combina com tranquilidade. Hum... será que é o amor que não combina com tranquilidade mesmo? Ou será era eu que não sabia o que era amar?
Com o passar do tempo, muitas coisas foram acontecendo na minha vida, e tantas situações, e tantas alegrias passageiras se foram, e tantos momentos que eu entendia como amor ficaram para trás... e eu comecei a desconfiar que o meu conceito de amor poderia ter um desajuste.
Mais um tanto se passou, e eu fui perguntando a Deus o que estava errado naquilo que eu entendia como amor. E um dia Ele me disse que amor é o que 1 Corintios 13 nos conta. E eu olhei aquilo e tive a certeza de que eu não sabia mesmo amar, e que aquilo que eu achava que deveria ser sempre intenso, agitado, alucinante, na verdade, era paixão.
A paixão não é um problema em si. Ela é necessária porque, de fato, sem paixão (e sem alegria) as coisas perdem o sabor e o movimento. A paixão é o tempero necessário das relações, assim como a alegria. Mas, cá para nós, quem é que come um prato cheio de tempero sem a comida como base?
Parece que não, mas eu comia tempero puro e achava que aquilo era uma boa alimentação, que era algo que sustentaria e que me faria bem. E depois de algumas garfadas, eu não conseguia mais comer, e achava que eu estava passando mal porque o tempero tinha algo errado. E nunca me ocorreu que, de verdade, eu é que não tinha sabedoria para me alimentar corretamente.
Foi então que, pedindo para Deus agir, buscando-O e permitindo que Ele seja Deus, as coisas no meu coração foram mudando. E então eu percebo que amor (não paixão, euforia, atração e qualquer outra coisa que possa ser usada como tempero) é algo que pode, eventualmente, parecer sem graça para quem está acostumado com muitos sabores, mas que no fim das contas, é tudo o que precisamos, já que é o que sustenta, o que nos dá energia, o que nos concede nutrientes e nos faz crescer.
E hoje, avaliando a minha relação com Deus e com as pessoas ao meu redor (pelo menos a grande maioria), vejo que todas as pessoas que tem sido colocadas por Ele tem exatamente esse efeito do amor em mim. E sou grata a Ele por isso, afinal, o que Ele tem me dado (e tem me iluminado para aceitar, agradecer e desfrutar) é maravilhoso, pleno, e como diz a música, bem tranquilo.
Descobri então que o tal "amor tranquilo" é o amor que vem de Deus. E que ter esse amor não é questão de sorte: é questão de escolher pela vida e se deixar amar por Ele. E que, de verdade, se nos alimentarmos com o Pão da Vida, seremos sempre satisfeitos, e não precisaremos estar agitados por coisa alguma, porque Ele nos sustenta, e nos acrescenta o que é necessário. A nossa alma aquieta, o coração se alegra, e a vida segue o melhor rumo: o dos sonhos Dele. E sonhar os sonhos Dele não é pesado, não é duro e não é ruim. E mais: embora seja de grande valor, é de Graça, e está disponível a todo aquele que crer.
Pois é... só precisa de sorte quem não tem Deus. E depender da sorte é incerto...
Quanto a mim, nunca estive com o coração tão em paz com Deus. O Seu amor me preenche e a alegria que Ele me dá não vai embora, mesmo quando eu tenho que viver situações desagradáveis ou difíceis, porque sei que o Amor nunca acaba. E que eu tenho a alegria de dizer que encontrei e recebi o amor que tanto procurava.
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