Quando eu era pequena, meu pai me pegava no colo, me balançava suavemente e andava de um lado para o outro, cantando baixinho canções tranquilas até que eu adormecesse. Ele deve ter feito isso até que eu tivesse uns seis anos mais ou menos.
Eu não sei bem como mas até hoje eu me lembro de como era confortável estar ali, e como eu ficava aquecida e me sentia bem, independente do que tivesse acontecido até ali. Consigo ouvir a sua voz cantando para mim, meus olhos ficando pesados, meu corpo mais amolecido, meu rosto apoiando no braço dele que ia servindo também de apoio para a cabeça e ao mesmo tempo um refúgio da pouca luz que ainda batia na sala que ficava sempre à meia luz para que eu pudesse descansar.
Não sei dizer quantas vezes ele fez isso, nem sei se acontecia sempre, mas por alguma razão essa é uma das memórias mais agradáveis que tenho do meu pai sendo pai: a de estar segura nos braços dele, podendo descansar alheia àquilo que acontecia no mundo lá fora daquele colo.
Hoje ouvi uma irmã contando que, ao ter os seus momentos diários com Deus, ela sempre começa a conversa expressando a majestade de Deus, o senhorio Dele (o que é absolutamente verdadeiro, já que Ele de fato é Único em domínio). Bom, pelo menos começava até hoje. Isso porque quando hoje começou a oração como normalmente estava acostumada, o Espírito Santo a fez lembrar da oração que Jesus nos deixou, e ela começa chamando Deus de Pai.
De alguma forma, aquilo foi como um estalo na mente e no espírito dela, e ela mudou o tom da conversa, trazendo Deus pra uma relação muito mais íntima do que ela tinha trazido até então nesses momentos devocionais, e algo dentro dela cresceu: a certeza de ser filha amada do Pai.
Voltando pra casa então e pensando nisso, lembrei-me do meu pai terreno e de como ele me fazia descansar. E não sei se por isso (provavelmente por isso na verdade), quando eu estou muito triste ou cansada, eu peço a Deus que me pegue no colo e me abrace, e é como se eu conseguisse estar de novo naquela situação, naquele conforto, naquela segurança que eu sentia quando era criança...
Me deu vontade de escrever uma canção pedindo colo ao Pai, expressando como é bom estar nos braços Dele, mas sinceramente eu não consegui... Frustrada, mas não vencida, decidi então registrar essa memória aqui, confiando que não só ela será necessária para momentos de tribulação meus e de outros, mas também crendo que Deus me permitiu lembrar disso para que eu pudesse reconhecer o carinho com que Ele sempre me tratou, me dando uma referência tão poderosa na infância, que perdura até hoje, trazendo a resposta para momentos de aflição que, por muitas vezes eu precisei, e que de fato eu já tinha mas não conseguia achar dentro do emaranhado de sentimentos que a abafavam.
E hoje, com isso também, aquele verso que diz "quero trazer à memória aquilo que me dá esperança" se torna mais real, mais prático, mais factível e mais palpável. E sem dúvida, muito mais bonito!
Muito lindo!
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