Hoje é um dia de milagres. Isso porque saí do Brasil para vir a Italia fazer algumas coisas, e uma delas foi buscar o documento do meu bisavô para concluir o processo de cidadania. Na verdade, tudo começou no final de 2014. Ou talvez tenha começado quando eu era criança. Mas provavelmente tenha começado antes mesmo de eu nascer...
Meu bisavô nasceu em um comune (cidade por assim dizer) na Italia que se chamava Spezzano Grande em 1884. Essa cidade, que não existe mais, passou a fazer parte em algum ponto de um outro comune chamado Spezzano della Sila, que fica na Calabria, parte sul do país. Desde que ele chegou no Brasil em 1900 nunca mais se soube dele (até onde soube recentemente) em sua terra natal. E ele ali se casou com a Luiza, minha bisavó, e deles vieram vários filhos, entre eles meu avô Vicente Eduardo (que ganhou este nome em homenagem ao seu avô, Vicenzo, e o próprio pai), que casando-se com minha avó Yolande (filha de franceses) gerou meu pai e minha tia, ambos brasileiros.
Curiosamente, quando eu era pequena, eu sabia que era neta de italianos, e sempre quis ser italiana também. De alguma forma eu me sentia parte disso tudo, e sempre disse que em algum ponto da vida conheceria a Italia e tiraria a cidadania italiana. Mas, com o passar dos anos, permiti que pessoas ao meu redor contassem suas opiniões que acabaram me afetando e matando meus sonhos por um tempo razoável. Portanto, por muitos anos, eu deixei de lado tudo isso crendo que nada aconteceria nesse sentido nunca.
Um dia recebi um convite para viajar para a Italia. Claro, eu teria que pagar a minha parte mas Deus me proveu de modo tão maravilhoso que não tenho nem como resumir, e eu vim conhecer na ocasião Roma e Napoli. Amei Roma!!! Sou apaixonada por aquele lugar até hoje. Talvez se eu visitar novamente mude de opinião mas, até lá, mantenho a paixão em dia. Na ocasião, a viagem serviu para que eu aprendesse que sonhar vale a pena sim e que isso é absolutamente correto e incentivado por Deus, desde que os sonhos sejam realmente os melhores para nós e para quem nos rodeia (ou seja, os sonhos Dele para as nossas vidas).
Os anos se passaram e em algum ponto comecei a buscar a cidadania, o que é recente. De lá para cá, esta é a segunda vez que venho a Italia, mas na primeira vim apenas para conhecer Milano, e nesta vim para resolver pontos e estabelecer conexões para voltar de vez. Neste último ano, cacei os documentos necessários e mesmo quando me faltaram informações, Deus proveu meios de encontrar o que era preciso. Sendo assim, faltava mesmo a certidão de nascimento do bisavô, que nasceu no século 19 em uma cidade que ninguém conhecia.
Decidi então desta vez mandar um e-mail pro comune perguntando sobre o assunto e não obtive resposta. Por conta disso, decidi cruzar o país sem conhecer nada e nem ninguém (e sem saber falar direito o idioma) na confiança de que Deus faria tudo e que eu não perderia meu tempo nessa jornada. Dito e feito: entrei num ônibus ontem no fim do dia em Milano e amanheci aqui em Spezzano della Sila, do outro lado do país. Mas, ainda faltava muito porque de verdade ninguém tinha certeza de que ele tinha nascido aqui mesmo e nem ao certo o ano. E lá vim eu com o que tinha em mãos pra procurar o documento, disposta a ficar mais que um dia se necessário e até procurar em cidades vizinhas.
Ainda no ônibus, vi que dependeria totalmente do favor e da graça divinos, já que nem sabia por onde começar. Fiz uma oração simples e pedi pra ser surpreendida por Ele, e foi o que aconteceu.
Quando eu desci, perguntei pra um casal de idosos aonde era o comune e eles me disseram para ir até uma igreja (deram uma direção) e ali perguntar mais informações. Eu agradeci e decidi tomar um café antes de ir, e ali no café perguntei de novo, ao que o rapaz do balcão me chama e me apresenta o prefeito. Oi? O prefeito? Pois é... o prefeito!!! Ele conversa comigo, explico que preciso do documento, ele me pergunta o sobrenome e ali ele me apresenta duas pessoas com meu sobrenome (até aí, nada tão incrível, já que eu vi que nessa cidade com 4.000 habitantes existem diversos endereços de pessoas com o mesmo sobrenome que o meu). Ele me levou ao comune, me apresentou aos funcionários dele e pediu a uma senhora pra providenciar o que eu precisava. Conversamos, localizamos no livro antigo de registros e ela graciosamente me forneceu duas cópias do documento, mais uma foto original do livro, mais uma cópia da folha do livro e mais uma certidão em vários idiomas para não ter problema. Tudo isso em menos de 90 minutos. Quando acabamos, o prefeito fez questão de tirar uma foto comigo, me adicionou numa rede social, arranjou um funcionário para me levar de moto até o local em que eu precisava comprar o bilhete do ônibus e ali fiquei, com o bilhete comprado, documentos em mãos, a lembrança de várias pessoas simpáticas que me acolheram e acima de tudo maravilhada com o que Deus fez na minha vida.
Por que Ele tem tanto interesse nessa cidadania? Eu ainda não tenho tanta certeza, mas posso dizer que certamente Ele me ama tanto que mesmo nos detalhes mais simples e até nas coisas mais improváveis Ele me guia e me mostra Seu intenso amor. Uau!!! Uau!!! Quero honrar esse intenso e maravilhoso Amor de algum modo. Ainda não sei bem como, mas faço questão de dividi-Lo com outros, dos modos mais inusitados. Espero poder usar essa cidadania de modo que outros sejam beneficiados em prol do Reino de Deus. E sabe de uma coisa? Acho que era exatamente essa a ideia Dele!!!
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