Ontem quando deitei pra dormir comecei um balanço do que foram esses dias por aqui... difícil definir brevemente já que tantas coisas aconteceram... mas vou tentar registrar alguma coisa, de modo que o principal não se perca.
Aprendi na Italia que embora alguma coisa possa parecer igual ela pode ser completamente diferente. O caso nesse sentido é moradia: tudo bem que eu nunca tinha morado em uma república antes (e a ideia me fazia ter náuseas até então) mas agora vejo que diferente do que pensava sobre um monte de estudantes bêbados fazendo bagunça o tempo todo, vi garotas estudando de verdade, educadas, e que estão preocupadas com seus futuros, e buscam a melhor convivência entre todos da casa. Vi meninas que, por estarem fora de seus países, se sentiam tão intimidadas com certas coisas por aqui quanto eu ou até mais. Pra elas, lidar com o preconceito do europeu ocidental (pois é, existe mesmo em alguns sentidos) com relação aos europeus do leste, por exemplo, é terrível e chega a ser uma luta diária.
Aprendi na Italia que, não importa de onde você saia, sempre existe uma história que você carrega com você por onde você andar. Não funciona completamente essa história de ter uma vida totalmente nova só porque alguém mudou de lugar, já que o que tem que ser mudado está dentro da pessoa e não fora.
Aprendi na Italia que gente mal intencionada tem em qualquer canto, assim como gente aproveitadora que sabe quando tirar vantagem de uma situação de fragilidade. Mas também aprendi que, assim como no meu país de origem, a única proteção que funciona é mesmo aquela que vem dos olhos de Deus, e que faz com que todo mal seja revertido ou convertido em benção quando permitimos que Ele nos guarde.
Aprendi também que falsos cognatos são terrivelmente irritantes e que em italiano tem de monte. Vi também que esse negócio de aprender dois idiomas parecidos ao mesmo tempo só complica mais as coisas, e que se for necessário, realmente o lance é sempre tentar traduzir tudo pra lingua mais urgente a se aprender.
Aprendi que não importa aonde você esteja, sempre é possível ser benção na vida de outros. Com as meninas da casa aprendi que mesmo em situações de crise é possível ver garotas (sem Jesus) controlando seus sentimentos e sabendo separar as reações corretas das erradas, e tratando de modo exemplar quem não tem nada a ver com o problema. Isso pra mim é um enorme tapa na cara.
Aprendi que o conceito de "casa" é beeem relativo, e que neste exato momento não tenho casa de verdade. Não posso dizer que estou em casa aqui porque estou indo embora, mas definitivamente São Paulo não tem mais o meu coração. Voltar ao Brasil é, no mínimo, agonizante... o que traz alívio é que vou ver pessoas amadas e que sem dúvida esse é o tempo de Deus pra retornar e fazer o que é necessário. Sem isso eu certamente não voltaria nunca mais.
Mais uma vez eu vi na Italia que não experimentar as coisas chega a ser infantil. Claro, não preciso experimentar coisas que comprovadamente não são boas, mas as que não afetam em nada e são apenas questão de gosto... bom, essas nem vou mais comentar.
Acho que aprendi também a enxergar as pessoas pela medida de fé, de coragem e de entrega a Deus que elas tem. Isso é uma nova medida que não pode ser usada pra enxergar as pessoas de modo negativo, mas deve ser o padrão para entender a quem pedir ajuda ou a quem ajudar e ter mais tolerância.
Ir embora é duro, é triste mas é necessário. Acho que é bem mais sofrido do que eu esperava, mas Deus sabe todas as coisas. Vamos ver o que virá em seguida...
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