Hoje pela manhã, meditando sobre o que a contraposição entre ser e ter, cheguei à conclusão de que o autor do célebre "Hamlet" tinha razão quando definiu que a questão (entendo que no caso ele quis dizer que a principal na vida) é "ser ou não ser".
Bom, voltando um pouco antes para ficar mais claro como cheguei a essa conclusão, comecei a refletir que, de verdade, uma das maiores lutas do ser humano (se não a maior) é ser íntegro. Para que não hajam dúvidas, integridade é, de acordo com o dicionário, "particularidade ou condição do que está inteiro; qualidade do que não foi alvo de diminuição; inteireza", ou ainda, "condição do que não sofreu alteração; que não foi quebrado nem atingido; que está ileso: integridade física ou mental". Em tempo: fiz questão de checar o sentido literal do termo para eliminar a interpretação que acontece com frequência em que alguém honesto e considerado possuidor de um bom caráter ser taxado de íntegro. Acho importante esclarecer bem o conceito a que cheguei para que eu consiga explicar mais claramente o que entendi.
Voltando ao assunto, íntegro então é alguém que é inteiramente alguma coisa. Isso significa que é alguém a quem não lhe falta nenhum pedaço. Fisicamente isso é mais fácil de perceber, mas emocionalmente por exemplo (na questão de identidade especialmente) pode-se demorar anos até perceber-se que falta ali na pessoa um pedaço de sua identidade para si mesmo, de modo que em alguns sentidos ou aspectos a pessoa nem sabe ao certo quem ela é.
Tentando ser mais objetiva, pensei no caso de um cristão. Quando alguém decide ser cristão (e portanto imitador de Cristo), teoricamente ele deveria buscar ser exatamente como Cristo em todos os aspectos de sua vida. Fácil? Nem um pouco... mas por quê? Simplesmente porque não estamos acostumados a sermos íntegros em nada.
"Nossa, como assim?" você pode estar pensando... "afinal, quem é você para dizer que não sou inteiro(a) em alguma coisa?". E eu digo sem titubear: sou alguém que, em algum momento da vida, fui sendo quebrada por ela, pelas circunstâncias e pelos sentimentos, e isso só aconteceu porque eu não tinha a clareza e a certeza de quem eu fui planejada para ser.
Explico: quando a gente sabe quem Deus sonhou que fôssemos desde a origem a gente não tem dúvidas sobre o amor Dele e nem sobre o que realmente vale a pena ou não. Com isso claro é fácil agir de acordo com os princípios de Deus deixados e esclarecidos pela Bíblia, e eles não são um peso, porque o que você faz verdadeiramente expressa quem você é, e nossas atitudes passam automaticamente a serem coerentes com o que entendemos que somos.
Por outro lado, quando não somos íntegros em algum sentido ou aspecto da vida, não sabemos ao certo como agir, porque ora agiremos como alguém que pensamos que somos, ora agiremos como alguém que gostaríamos de ser, e via de regra agiremos como somos de fato, o que nos traz luta interior, fracassos exteriores a nós e muita frustração (e mais quebras na alma). E como uma ferida nos traz dor, é mais difícil entender e reconhecer que o problema está em nós, e isso vai causando mais e mais quebras, como se um abismo chamasse o outro...
Como resolver? Em primeiro lugar, entender quem se é de fato e o quão distante isso está de quem se deseja ser. Por sinal, cabe aqui antes de prosseguir perguntar para o nosso Criador o que Ele acha do que eu desejo ser, afinal de contas, o Criador sabe infinitamente mais do que a criatura, e Ele pode dar informações preciosas não só sobre quem somos atualmente mas quem fomos desenhados para sermos desde antes de nascermos. Isso simplifica muito as coisas e traz um conforto de que não só não tomaremos o caminho errado (afinal, Deus não erra), mas também de que não estaremos sós nessa caminhada rumo à integridade do ser, o que nos gera cada vez menos conflitos internos, e portanto nos torna pessoas mais seguras, mais firmes, tranquilas e plenas. E o ter passa a ser apenas uma consequência natural daquilo que automaticamente fazemos por sermos íntegros e totalmente coerentes com aquilo que somos.
Em tempo: quando aceitamos Jesus entendemos que somos planejados para sermos filhos amados em quem nosso Pai tem prazer. Profundo, não? Pois é... isso fica para outro texto. :D
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