Há um tempo atrás eu tinha decidido fazer pra mim um caderno no qual eu colocasse algumas das coisas principais de gramática e ortografia em alguns idiomas, de modo que isso me venha facilitar não só a manutenção dos idiomas que já conheço, mas também me auxiliar no aprendizado daqueles em que preciso melhorar. E ontem sentei pra fazer isso, e a experiência rendeu mais do que eu imaginava.
Inicialmente, considerei não considerar o português no meu humilde caderninho. Isso porque imaginei que, sendo minha lingua mãe, isso não seria uma necessidade. Depois, considerei que poderia ser uma boa prática, até porque, sendo a base do meu raciocínio primário, se eu tiver as coisas organizadas em português na minha cabeça, pode ser mais fácil me traduzir pra outros idiomas. E lá fui eu começar as conjugações dos verbos em português. E aí veio a primeira dúvida: quais verbos escolher? Bom, lembrando das minhas aulinhas de português décadas atrás, segui o básico: verbos "ser" e "estar" (no fim, acabei inserindo também o "haver", mas ainda estou na dúvida se não deveria ter colocado o verbo "ter" por conta da correspondência com o francês e o italiano, mas abafa o caso que não é o assunto agora). Comecei feliz a conjugação no presente, me sentindo super preparada... e notei que, quando fui conjugar os verbos no passado, eu simplesmente não sabia como começar. E isso me chocou!
Para uma pessoa que usa o português todos os dias, é no mínimo esquisito não saber conjugar um verbo tão básico no passado de modo correto. E comecei a pensar sobre o assunto. Comentei então com alguém, que me disse assim: "Conjugar verbos no passado? Isso é coisa do inimigo!"
Na hora eu ri, claro, porque achei interessante a duplicidade de sentido da coisa em si, mas mais tarde, parando para pensar, comecei a refletir sobre o sentido mais poético da dificuldade que encontrei. E cheguei à conclusão de que, de fato, conhecemos mais aquilo com o qual mais convivemos. E, fazendo uma retrospectiva rápida do que tenho vivido nos últimos tempos, o que menos tem é passado, e quando ele aparece é ou para que eu seja grata pelas lições que aprendi, ou então para conclui-lo e seguir adiante mais feliz e mais segura, mais tranquila e mais plena. Ou seja, o passado está cada vez mais distante para mim, e isso é bom. Por sinal, deixar o passado para trás é bíblico:
"Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus." (Filipenses 3:13-14).
E como é bom poder deixar para trás o que ficou... e como é bom poder rir de coisas que passamos e que não sabíamos como lidar mas que hoje, olhando com calma e de outra perspectiva mais experiente, vemos o quanto nos desgastamos com algo que nem era tão importante assim. E como é libertador saber que é possível sim viver coisas novas, cada vez melhores em Cristo, sabendo que não importa quanto busquemos, sempre tem mais de Deus para nós, e que a Sua Palavra (que é o Verbo, que é Cristo, que era, é e sempre será, e portanto, não está sujeito ao tempo) e a Sua misericórdia se renovam todos os dias (ou seja, não precisamos contar com a velha misericórdia, já ultrapassada e já vencida pelo tempo) e nos impulsionam para frente. Que maravilhosa Graça que nos ama e nos leva adiante a cada dia!
E o passado? Bom... esse já passou mesmo... então que de fato conjugar os verbos no passado seja somente para fazer uma breve descrição do que eu já fui um dia, sem Jesus na minha vida, sem perspectiva, sem direção e sem vida. Porque, de fato, nem para testemunhar precisamos do passado, porque Aquele que nos amou primeiro nos ama todos os dias, e se pedirmos, Ele se revelará mais e mais a cada instante.
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