Quantas vezes eu olho ao meu redor e vejo algo que simplesmente não me agrada, que me irrita e que eu acho injusto, ruim ou simplesmente deselegante, ou ainda algo que eu vejo e que eu penso que deveria ser diferente? E dessas tantas vezes, quantas eu decido fazer algo pra mudar aquilo que eu posso?
Se por um lado, assumir pesos que não são meus é um problema terrível, por outro lado, deixar as rédeas de uma situação solta por tempo indeterminado pode se tornar simplesmente insustentável. E sinceramente, tem coisas que ou a gente decide, ou a gente está automaticamente decidindo aceitar o que o outro (ou o que as circunstâncias, ou o que o governo, ou o que o clima ou quem quer que seja) decida por mim. E de verdade, uma das coisas que faz menos sentido na vida é ficar reclamando daquilo que a gente deixa acontecer com a gente sem ao menos tentar mudar (e sim, escrevo principalmente para me recordar disso).
Honestamente, ser uma boa pessoa é uma coisa; ser uma pessoa conivente com uma série de circunstâncias e decisões dos outros é outra. Ser alguém paciente é um discurso; ser alguém omisso é um outro completamente diferente. Não dá pra ser eternamente paciente com coisas que simplesmente precisam ser feitas ou decididas, porque tem coisas que tem um tempo para acontecerem, ou não vão mais acontecer. E como dizem por aí, cavalo com sela não passa diante da gente duas vezes. Ou seja, tem coisa que só acontece uma vez, e só serve para um período, e se deixamos passar, simplesmente não volta e não teremos uma nova oportunidade.
Sabe a história de que só se vive uma vez? Não sou à favor de ser inconsequente, mas não quero mais e decido não me permitir mais deixar passar algumas coisas só porque estou focando na coisa errada, ou porque estou priorizando mal certos aspectos da minha vida, ou ainda porque acho que aquilo vai prejudicar outros (quando na verdade, os outros não serão prejudicados: eles terão apenas que se organizar de outro modo). E enquanto eu priorizo a prioridade alheia, a minha vai passando, e o que eu poderia e deveria viver passa, e não volta, e eu fico à mercê do que o outro quer ou não (pra si e pra mim).
Sinceramente, cansei. Se antes eu não deixava ninguém fazer nada por mim, e isso significava que nem mesmo o café que eu bebia poderia ser escolhido por outra pessoa, com o passar do tempo, parece que fui me tornando cada vez mais paciente, a um ponto que, com certas coisas básicas, me tornei até leniente e permissiva, e isso é altamente destrutivo (para mim e para quem eu me relaciono).
Rédeas curtas demais não permitem flexibilidade, improviso e nem espontaneidade; rédeas muito soltas não trazem segurança, nem organização e nem controle. Nenhum dos dois é bom no fim das contas. E saber manejar as rédeas conforme a situação, não para ser explorador de pessoas, mas para poder lidar bem com o que acontece (tendo sempre em mente as suas prioridades) é essencial. E mais do que isso: ter ao final a certeza de que viveu essa vida, com toda a responsabilidade, mas com toda a intensidade que ela poderia ser vivida.
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