Pois é... sabe quando você pega um violão e sente que tem algo meio estranho naquele som que ele está produzindo? Então... alguma coisa com aquela corda não está legal. Ou ela se soltou ligeiramente, e com isso as notas saem desafinadas, ou ela se alargou pelo uso excessivo e precisa ser substituída antes que se arrebente. O fato é que, definitivamente, ignorar não vai resolver a questão.
A corda (posso estar muito enganada, mas é a minha sensação) é algo sensível, visto que a afinação pode mudar de acordo com a temperatura (afinal de contas, quanto mais frio o clima, mais a corda diminui por uma questão de propriedade física, e portanto produz um som diverso de quando o clima está mais ameno ou ainda mais quente mesmo), de acordo com o quanto é esticada (se não esticar o suficiente o som não sai, e se esticar demais, ela se arrebenta), quando se usa uma palheta de um tipo ou outro ou ainda as unhas, e também quando se usa o tal do capotraste ou não. Ou seja, vários fatores podem influenciar o som que a corda produz; alguns prejudicam, outros ajudam, outros só mudam mesmo, e isso é bom ou ruim dependendo do resultado esperado.
Bom, e daí? Eu penso que os relacionamentos interpessoais tem um quê de corda... já pensou nisso? Você tem um relacionamento com uma pessoa, seja ela quem for... se for muito frouxo, não sai som, ou seja, não tem conversa, não tem música, é só mesmo uma corda pendurada, sem muita função. Se a corda está esticada demais (ou seja, um dos lados puxa muito para si as coisas) pode até ser que por um tempo o som aconteça, mas em breve, aquela corda vai se romper, e então, o relacionamento precisará ser recomeçado em novas bases, já que fazer o que acabou de ser feito seria uma insanidade, porque produzirá o mesmo resultado. E claro, tem aqueles momentos em que é preciso saber identificar se é tempo de mudar de ambiente: às vezes está frio demais o contexto para aquela relação, então é tempo de aquecer as coisas (e antes que alguém pense bobagem, isso é o que um filho faz quando vira pra uma mãe ou um pai e diz, antes de pedir qualquer coisa, aquela frase "ah, você sabe que eu te amo, né?": ele está aquecendo o ambiente daquele relacionamento para ter uma resposta mais afinada com a requisição que virá). O fato é que, seja como for, quem vai manejar o instrumento, deve saber conhecer as cordas, e conseguir identificar o estado delas, de modo a conseguir produzir o melhor som, sem arrebentá-las e sem deixá-las frouxas demais. E sinceramente, eu acho que isso é um enorme desafio.
Pra mim, esse é o grande exercício do relacionar-se: não manipular, mas com sabedoria, pedir a Deus que intervenha, porque quem melhor do que Ele sabe quando esquentar ou esfriar as coisas, ou quando apertar mais e quando deixar mais solto, quando reajustar e quando está tudo bem afinado (porque às vezes no fundo o som está estranho só porque você está resfriado e é o seu ouvido que está ligeiramente entupido, prejudicando a avaliação).
Hoje eu olho e claro, o meu instinto natural é querer controlar tudo isso. E se eu tentar controlar, eu estrago. Eu não tenho essa habilidade, e nem quero ter. O que eu quero é manter-me fiel à minha condição de corda, de modo que Ele possa agir no momento certo, e que eu, ao invés de sair desafinando ou arrebentando por aí, possa somente produzir o melhor som a cada estímulo que a vida promover.
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